Jovens negros no Sia e no Varjão


 79% dos jovens que moram no SIA e 70,5% no Varjão são negros

O Lago Sul é a região do Distrito Federal que tem, proporcionalmente, o menor percentual de negros entre a população jovem. Pesquisa da Codeplan divulgada ontem mostra que apenas 25% das pessoas que tem entre 15 e 29 anos de idade e moram no bairro mais nobre de Brasília são negros. Em todo o DF, a proporção é de 59%.
Em seguida aparecem outras regiões de renda elevada, como Sudoeste/ Octogonal, com 29% de negros, e o Lago Norte e o Plano Piloto, ambos com 34% (veja quadro).
Já os maiores percentuais de negros entre os jovens aparecem nas regiões mais carentes do DF. No SCIA/ Estrutural, por exemplo, 79% dos jovens são negros. Em segundo lugar está o SIA, com 72%, e em terceiro São Sebastião, com 71%. Na sequência está o Varjão, com 70,5%, e o Paranoá, com 70%..  não por coincidência, localidades de menor renda”, observou a coordenadora da pesquisa, Jamila Zgiet. ( ver figura 1)
DISTRITO FEDERAL      
59%
LAGO NORTE
34%
LAGO SUL
25%
PARANOÁ
70%
SÃO SEBASTIÃO
71%
SIA
79%
SUDOESTE/OCTOGONAL        
29%
VARJÃO                                                                                                                               70,5%                                                                                                                   


Educação
A pesquisa mostra ainda que, em geral, os jovens negros têm menos instrução que os brancos. Apenas 7,8% deles têm ensino superior completo. Entre os brancos, esse índice sobe para 18,8%.

Além disso, o percentual de jovens com ensino fundamental incompleto é maior entre os negros, atingindo 24,6% dos jovens, enquanto entre os brancos é de apenas 14,2%. A diferença mais evidente entre os dois grupos está na faixa etária de 20 e 24 anos no nível superior de ensino. Apenas 18,8% dos jovens negros cursam faculdade, enquanto 32,7% dos brancos frequentam curso de graduação.
O levantamento também aponta que a renda das famílias dos jovens negros é menor. Mais da metade deles está em uma família que recebe até um salário mínimo per capita. Entre os brancos, o percentual cai para 33,6%.
Do total de mulheres empregadas sem carteira assinada, 62,4% são negras. Entre as empregadoras, a desigualdade permanece: apenas 37,1% são negras.



Violência
Com menos acesso a educação e renda, os negros estão mais expostos à violência. Em 2012, as regiões com maior percentual de negros foram, também, as que registraram a maior incidência de homicídios. No SCIA/ Estrutural foram 13,8 assassinatos para cada grupo de dez mil habitantes e no SIA foram contabilizados 16,1. Já no Jardim Botânico e nos lagos Sul e Norte, regiões com baixo percentual de negros, não foram registrados homicídios.
Para os pesquisadores, entre as solução que podem ser adotadas para reverter o quadro de desigualdade racial no DF estão a implantação de programas de cultura, lazer, trabalho e educação nas cidades com maiores percentuais de jovens negros, além da adoção de incentivos como bolsas de estudo e cotas para facilitar o acesso ao primeiro emprego, cursos profissionalizantes e ensino superior.

Fig 1 –DISTRIBUIÇAO  NEGROS EM ALGUMAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS DO DF (%)

Presente à divulgação, a diretora da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas da Presidência da República, Mônica Gomes, atribuiu o elevado índice de agressões aos jovens negros ao racismo, que diz não ser reconhecido no país. “É difícil superar um problema que não se assume”. E lembrou a importância de levar os programas de inclusão social às pessoas que deles necessitam, como os integrados ao Plano Juventude Viva, que cria oportunidades para jovens negros.  “É preciso dizer: isso aqui é para você”.

Ela também destacou a importância do cuidado com a educação no ensino fundamental e médio, para evitar o abandono à escola e facilitar o acesso à universidade. “Há um gargalo no ensino intermediário”, apontou. Em relação as agressões, disse ser fundamental caracterizar o agressor, para deixar claro quando partem dos próprios jovens e quando provêm da força policial.

Entre os aglomerados subnormais - ocupações, comunidades sem acesso à infraestrutura urbana adequada -, habitados por 3,6% da população do DF, a grande maioria (70,4%) também é formada por negros.  Além da habitação, a instrução é outro indicador das diferenças detectadas entre a população negra e não negra pelo estudo. Entre a população jovem, na faixa de 15 anos a 29 anos,  7,8% com curso superior completo são negros e 18,8% , não negros.
  
Os jovens negros também começam a trabalhar mais cedo. No grupo de idade entre 15 anos e 17 anos, 29,6% dos negros já trabalham, enquanto entre os não negros, o percentual é de 23,6%.  “É preciso utilizar esses indicadores no dia a dia, transformá-los, sensibilizar a sociedade e melhorar as políticas no enfrentamento da vulnerabilidade”, disse o secretário especial de Promoção da Igualdade Racial do DF, Viridiano Custódio de Brito.

O coordenador de Juventude do DF, Carlos Alberto Odas chamou a atenção para o desafio das escolas, menos atrativas aos jovens do que as igrejas, mesmo com seus dogmas, que são característicos da religiões.

Jusçanio de Souza, gerente de Base de Dados da Codeplan, disse que o estudo é importante para a erradicação da desigualdade social na capital federal, além de contribuir na implementação do Juventude Viva pelo governo local²


Fonte: Codeplan



REFERÊNCIAS :























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