A letra cursiva está com os dias contados?


Nos Estados Unidos, cada vez mais as crianças não precisam se preocupar com as letrinhas desenhadas e a bela caligrafia. A exigência e o ensino da letra cursiva perde força na maior parte dos estados e dá lugar à letra de forma e à digitação. Com o crescente contato com novas tecnologias, como celulares, computadores e tablets, essa tendência de abandono da letra cursiva e a adoção maior da letra de forma (que também é chamada de letra bastão ou de máquina) tornam-se cada vez mais fortes e preocupam pais e professores.
Alfabetização
Aprender é o mais importante
João tem atendimento profissional para aprender a letra cursiva (foto: Valterci Santos / Gazeta do Povo)
Escrever com a letra cursiva é importante, mas ainda é preciso garantir que a criança seja alfabetizada e adquira conhecimento. A opinião é da psicopedagoga Priscilla Santana Van Kan. Em seu consultório, ela recebe crianças com problemas de escrita, encaminhadas por neurologistas, escolas e pais. “O primeiro passo é avaliar a escrita. Muitas vezes ajuda trocar a letra cursiva pela de forma em caixa alta, que permite melhor visualização”, diz.
Se pudesse optar, João Pedro Castanha, 9 anos, só escreveria com a letra de forma. A mãe dele, a comerciante Ivone Castanha, 51 anos, diz que o uso da letra cursiva foi tão exigido do menino em seus primeiros anos na escola que acabou levando a um trauma. “Ele ficou revoltado. Quando tem lição de casa, tem medo e diz que não vai conseguir. Só saem rabiscos”, diz. O dia a dia na escola estava tão estressante – o menino repetiu o ano duas vezes –, que agora ele tem acompanhamento profissional. “Quando era pequeno, não cobravam dele a parte motora. Depois, passaram a focar na letra cursiva e deixaram de lado o conhecimento. Neste ano já me disseram que vão passá-lo, pois ele está bem triste em ver os amigos passando de ano e ele não, mas nem sei se é a melhor ideia. Ao menos com o acompanhamento profissional ele parece estar melhorando”, conta Ivone.
Deixar de escrever usando a letra de mão é prejudicial às crianças? Essa é uma discussão que divide os especialistas. Para a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutora em Educação Araci Asinelli da Luz, a escrita é importante para desenvolver a psicomotricidade fina, fundamental para o desenvolvimento psicomotor. “Veja a dificuldade que alguns adultos e idosos, ao ingressar no EJA [Educação de Jovens e Adultos], apresentam ao segurar um lápis ou caneta pelo fato de não terem desenvolvido esta habilidade na idade propícia. Quanto mais estimulado o cérebro, mais sinapses ele faz, aumentando sua capacidade. E o olhar e o uso das mãos, em especial os polegares, têm grande influência no desenvolvimento das sinapses”, diz.

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