Os agudás - resumo da história de um povo
Assim são chamados no Benin os herdeiros de antigos escravos brasileiros que, livres, retornaram à África. Com festas, sobrenomes e fé importados da Bahia, eles moldaram uma nova identidade para superar o estigma do passado. Em janeiro, as tradicionais homenagens a Nosso Senhor do Bonfim em Salvador ecoam do outro lado do Atlântico, deixando ainda mais claros os laços culturais que há séculos aproximam a Bahia da África. No sul do Benin, homens e mulheres vestem uma faixa verde e amarela sobre o peito e seguem rumo a missas para o padroeiro, cerimônias cristãs formais que são acompanhadas por cortejos carnavalescos pelas ruas de cidades como Uidá e Porto-Novo. Identificado como Oxalá (o orixá criador da humanidade) no candomblé baiano, o Senhor do Bonfim é um elo entre dois mundos físicos e espirituais, separados por um oceano e marcados pelo estigma da escravidão. A devoção tem causa nobre: para os escravos que, libertos, puderam regressar à África nos séculos 18 e 19, tal vi...